quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

Não fale com estranhos!

Nos meus tempos de criança as coisas não eram como agora, eu chegava em casa depois da escola, fazia um lanchinho e saia para brincar na rua com meus amiguinhos. Sim, é isso mesmo, brincar na rua. Antigamente brincar na rua era uma coisa saudável. Promovia a integração entre os vizinhos e no divertíamos imensamente com nossas bicicletas voando as tranças pela vizinhança. Brincávamos de pique-esconde e polícia e ladrão. Agora puxando pela memória, não consigo recordar de quando foi a ultima vez que vi crianças brincando destas brincadeiras que citei, acho que a ultima que eu vi, fora eu mesma, há aproximadamente 13 anos atrás, por que eu aos 15 anos, claro que já beijava na boca...mas ainda brincava na rua, e mesmo hoje se houvesse a oportunidade e pessoas dispostas com certeza, eu brincaria sem pensar duas vezes. Hehehe
Mas brincar na rua era seguro, a única recomendação que ouvia quase diariamente durante toda a infância e grande parte da adolescência ao sair para rua era: Não fale com estranhos!
Desde aquele tempo, eu já pensava demais e minha imaginação fluía imaginando: Quem seriam os estranhos? Por que na minha concepção, estranho seria por exemplo algum menino usar um casaco de couro em pleno verão, ou a minha colega crente, que tinha um cabelo gigante e mal tratado, usava saias de gente velha e não comemorava os aniversários, aquilo ao meu ver na época era estranhíssimo, mas com ela, eu tinha permissão para falar.
Claro que os estranhos a que meus familiares se referiam eram aquelas pessoas que não conhecíamos diretamente, mas ainda assim havia muita gente que nunca me tinha sido apresentada, mas eu sabia quem era...como por exemplo o guardinha da escola, ele não era meu amigo e nem sabia meu nome, mas ele sempre dava bom dia quando eu chegava na escola, o que eu devia fazer? – Uma estranho! Corra! Fiz amizade com o guardinha, ele era velhinho e tinha olhinhos simpáticos, depois ele até ficou sabendo meu nome e eu o dele, era Pedro. Tio Pedro eu chamava, por que as crianças chamam as pessoas por tios, agora que sou adulta chamo de senhor. Hehehe  Eu e o “tio Pedro” ficamos amigos e deixamos de ser estranhos, ele tinha netos da minha idade e na hora do recreio quando chovia eu ia lá ouvir as histórias dele. Mas se eu não fosse como diz a minha avó materna carinhosamente: “Teimosa como uma mula” como é que faríamos novas amizades, sem falar com estranhos?? Complicado isso.
Depois que eu cresci, uma das coisas que mais faço é falar com estranhos, pela internet, nas ruas, nos restaurantes, “até no ônibus”, hahaha. E faço assim muitas amizades novas e me divirto e divido experiências. Por que os estranhos não são do mal, eu mesma me acho super do bem, mas para quem não me conhece, eu também me encaixo nas relações proibidas. Pois sou uma estranha!!
Mas mesmo assim com toda essa mente aberta, hahaha, um dia desses, meu filho pediu para brincar no pátio, lá na frente, próximo do portão...e eu me peguei dizendo: Tudo bem, mas não fale com estranhos!

Um comentário: