quarta-feira, 16 de maio de 2012

Travessia do Trigo (2ª parte)


A viagem foi tranquila, fomos de carro até Muçum. E lá em muçum pegaríamos um ônibus que iria até Guaporé, e de lá iniciaríamos a caminhada. Mas como toda boa aventura tem imprevistos, e eu me atrasei, perdemos o ônibus. Então começamos a travessia ao contrário, de Muçum para Guaporé.
E lá fomos nós 4, pedimos informação em um posto, sobre como chegar até os trilhos para começar a caminhada. E lá fomos nós. Chegando nos trilhos, a paisagem logo no inicio não é muito atrativa, não tem nada de interessante a não ser mesmo os trilhos...

Caminhamos e caminhamos e caminhamos... o tempo estava agradável, o céu estava nublado e a temperatura devia ser em torno de uns 15º graus, com a caminhada, não sentíamos frio, no caminho, os guris foram se desfazendo dos casacos, eu permaneci com o meu, por que se tirasse, seria mais uma coisa para carregar. E eu já estava muito carregada, para a caminhada que planejamos fazer.

Depois de pouco mais de duas horas de caminhada, chegamos no primeiro túnel, neste momento nos demos conta que não tínhamos uma lanterna...hehehe, tentamos fazer uma tocha, para iluminar o caminho, e conseguimos.

Não lembro bem os horários, mas na hora em que paramos para “almoçar”, estávamos confortavelmente sentados nos trilhos, com as mochilas a nossa volta, foi quando o Pablo ficou mudo, e disse apenas :-Olhem, todo olhamos e vimos que o trem vinha vindo. Extremamente silencioso da distância em que se encontrava, mas as luzes dos faróis do trem eram muito fortes, que mesmo tendo a tênue luz do dia, conseguimos nota-las. Correria, juntando mochilas, e nossas coisas, depois a pressa para encontrar um lugar para ver o trem passar. Estávamos nos trilhos de um viaduto não muito alto, o viaduto terminava onde iniciava um mais um túnel , nas laterais dos viadutos havia umas sacadas (um tipo de escape para ficar enquanto o trem passava, mais ou menos a cada 35 metros tinha uma destas.

Quando, vi o trem, prontamente joguei minha mochila, no chão da sacadinha e me escorei nela afim de curtir o trem passando, os meninos correram para entrada do túnel e ficaram nas laterais dele, em terra firme. Hehehe

O trem buzinou para nós, o maquinista abanou pra mim, mas ao me ver na sacadinha ele tinha uma cara de apavorado, o trem foi passando, a sacadinha tremia imensamente, o barulho do trem também era fenomenal, e o trem não terminava nunca, comecei a contar os vagões, contei 20 e desisti de contar, ele passava muito rápido. Cerca de longos 40 segundos depois o trem acabou. Todos saímos de nossos  “esconderijos” com a adrenalina nas alturas. E continuamos nossa caminhada, passamos por vários túneis e vários pequenos viadutos até chegarmos no Viaduto 13, incrivelmente alto, 143 metros de altura, rodeado de uma paisagem de tirar o fôlego, morros, muito verde, aquela neblina típica da serra, e o rio logo abaixo de nós.

Ao finalzinho da tarde, por volta das 17:30, avistamos antes de entrar em outro viaduto, uma casinha, no meio do mato, os meninos exaustos e como não estávamos encontrando um lugar apropriado para acampar, quiseram ir até lá e pedir pouso para ao donos da casa. Saimos dos trilhos e fomos em direção a casa, chegando a uma estradinha de chão, eu e o marcos sentamos ao lado de umas taquareiras, e deixamos que o Gustavo e o Pablo fossem até a casinha. Fazia uma hora mais ou menos que havia começado a chover e lembrei que também não tinha levado minha capa de chuva.
Eles demoraram uma eternidade para voltar, eu já estava achando que o pessoal da casinha no meio do nada, havia devorado eles. Hahaha
Mas uma meia hora depois eles voltaram, com a notícia de que o senhor dono da casa, lhes tinha dito, que não tínhamos caminhado ainda nem metade do trajeto, e que era quase impossível chegar em Guaporé, até as 17:00 do outro dia. Que era o horário do ultimo ônibus de volta a Muçum (onde havíamos deixado o carro). O Proprietário da casa também informou que mais a frente haveria uma entrada para uma estrada de chão e que seguindo por 12 km nessa estrada chegaríamos a cidade de Vespasiano Correa e lá poderíamos tomar um ônibus de volta a muçum.

Eu fiquei sabendo deste caminho através de amigo que já o tinham feito. E todos os relatos que eu tinha visto, fizeram em dois dias de caminhada.
E nós naquele primeiro dia, havíamos caminhado muito, fizemos pouquíssimas paradas, e as que fizemos não levaram mais que 15 minutos. Então me baseando na experiência de outras pessoas era impossível ser verdade o que o senhor falou.

Mas o Gustavo ficou visivelmente abalado com essa notícia, e também por ficar sabendo que passaríamos por mais dois viadutos com a altitude aproximada do Viaduto 13. Então colocou em questão se deveríamos continuar na travessia ou se devíamos seguir para Vespasiano Correa a fim de encerrar nossa aventura.
Estávamos nós 4 parados em uma encruzilhada, no meio do mato, onde nem grilo cantava, avaliando. Gustavo decidiu que pra ele estava bom, já havia caminhado bastante, os meninos também por já estarem muito cansados, já estavam cedendo e desistindo...Eu teimosa que sou, falei-lhes que por tudo bem se eles queriam ir para a Cidade, mas que eu continuaria, nem que fosse sozinha. Só pedi que me esperassem em muçum para voltar para POA. Quase que instantaneamente, o Pablo recebeu uma dose de ânimo e disse que já que estávamos ali ele também iria continuar, marcos também resolveu seguir a Travessia, Mas Gustavo, não teve jeito, ele estava muito impressionado com as palavras do senhor de que não estávamos nem na metade. Assim nos despedimos de Gustavo e combinamos de encontra-lo no outro dia em Guaporé.

Seguimos o caminho dos trilhos, já estava quase escuro, e não tínhamos ainda encontrado lugar para acampar, a parte que teria ficava muito próximo aos trilhos, e seria perigoso armar a barraca. Até que após passar por um túnel curto, encontramos um mato ao lado de um barranco, com muitas árvores e vegetação bastante alta, mas pelo menos era longe dos trilhos aproximadamente uns 10 metros, o lugar caiu dos céus, armamos nossas barracas debaixo da chuva fina e constante, após tudo armado, todos exaustos, enfiamo-nos nas barracas, a fim de alimentar-nos e dormir o sono do justos... (continua na próxima postagem)

Beijão e até mais.

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